Há alguns anos lembro-me
de ter gostado da seguinte frase/questão: “Entre
a dor e o nada o que você prefere?” Aquilo ficou ali martelando na minha
cabeça, acho que anotei em algum lugar, esqueci o nome do autor, pura injustiça,
acho que era Carlos Drummond de Andrade, talvez...
Entre a dor e o
nada o que você prefere? O que eu prefiro?
Eis que a pergunta ficou sem resposta para mim e agora ela retorna com a
leitura do livro “A insustentável leveza
do ser” de Milan Kundera.
Logo no início do
livro Kundera trás a pergunta feita por Parmênides a si mesmo sobre o que
escolher o “peso” ou a “leveza”?
Kundera diz que “o
mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele contra o chão (...). O
fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa
realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a
nossa vida, e mais ela é real e verdadeira”.
Já a ausência do
peso, do fardo “faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com
que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne
semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes”.
Pensando nisso, me
parece mais justo consigo mesmo escolher o peso, escolher a dor por que será
ela que fará nos sentirmos vivos.
Penso que é na dificuldade, na luta constante
pela vida, pela felicidade que nunca se alcança, é que vivemos. Porém, parece
que não é isso que escolhemos na maioria das vezes. Queremos a leveza, por mais
insustentável que ela possa parecer. A vida sem sentido é a que buscamos,
conscientemente não é a que queremos, mas lá no íntimo é o caminho que tentamos
trilhar. Triste para o homem é o caminho mais fácil!
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